11 de julho de 2012

Livre-arbítrio & Origem do Pecado

Este texto propõe apresentar um estudo acerca do problema da Origem do Pecado, e como o Livre-arbítrio possibilitou o seu surgimento, tentando argumentar suas colocações usando tanto arcabouços filosóficos quanto teológicos no intuito de sedimentar a suas afirmações.
A Origem do Pecado e o Livre-arbítrio é um assunto que causa certo desconforto ao ser abordado, não porque não se tem curiosidade de entender sobre ele, ou porque não se encontram estudiosos que se aventure a abordar sobre este assunto, mas, exatamente porque este é a um campo muito espinhoso, e tende a se fechar ao redor de todos que tentam peregrinar pelos seus caminhos. Alguns estudiosos do campo teológico têm se debruçado em busca de repostas satisfatórias para este assunto. Muito dos pensadores clássicos da teologia e filosofia medieval tem se aventurado neste horizonte no intuito de entender e também poder esclarecer o máximo possível a cerca de como se deu ou o que proporcionou tal fato.
Na tentativa de abordar a respeito deste tema, propõe-se que se inicie fazendo um breve comentário a respeito do direito permissivo de Deus e como este direito permissivo se evidencia no Jardim do Éden, relatado nas Sagradas Escrituras no livro de Genesis capítulo três, onde é narrado o surgimento do primeiro pecado, o qual fará com que se desenrole – segundo a bíblia – todo o pecado e a presença do mal na humanidade.
As sagradas escrituras ao narrar à criação do homem, descreve como Deus coloca-o no Jardim do Éden (Gn 1.26-27) em meio a todas as outras coisas já anteriormente criadas. Juntamente com o homem, Deus coloca no meio do Jardim, duas árvores: a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida. Árvore esta, que possibilitaria ao homem a opção por escolher algo que transgrediria a ordem de Deus - fazendo-o pecar -, uma vez que, Deus havia proibido o homem de comê-la (Gn 2.16-17).
O propósito de Deus para a humanidade, segundo a bíblia sagrada, era que esta vivesse em plena harmonia com Ele. Entretanto, Deus não submete o homem a esta obrigação, Ele possibilita ao homem o direito da escolha, o direito ao livre-arbítrio, ou seja, a opção de escolher entre obedecer ou não as Suas ordens.
“... a ordem de Deus para não comer do fruto da árvore serviu simplesmente ao propósito de pôr à prova a obediência, visto que Deus de modo nenhum procurou justificar ou explicar a proibição”. (Berkhof, 2009)
Ao colocar no centro do Jardim do Éden algo que cominaria com uma cisão entre o homem e Deus através do pecado, evidencia que a relação estabelecida no inicio da criação não deveria ser imposta ao homem, mas opcional ao homem, até o momento que este escolhesse outro caminho, e é isto que acontece no decorrer do livro de Genesis, tendo início especificamente no capitulo três.
Chega-se então à conclusão que Deus criou o pecado não em essência, mas enquanto possibilidade, como uma probabilidade de se optar por. Caso contrário, não estaria dado ao homem o direito de escolha, uma vez que não existisse entre o que escolher. Para Agostinho isso se confirma devido ao fato de Deus ter concedido ao homem o livre-arbítrio. Agostinho afirma que, para que a justiça de Deus fosse claramente manifestada condenando o pecador e recompensando os justos era necessário que Deus desse ao homem o direito de fazer suas próprias escolhas. (O livre-arbítrio / Agostinho)

5 de junho de 2012

Súmula contra o Sofisma Religioso.

Que a bíblia é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, isto é claro para qualquer um que se debruce para estudar, analisar e praticar os ensinamentos bíblicos. E também, não somente deste modo, mas observando a postura de muitos dos grandes homens na história da humanidade, os quais utilizaram este recurso como um arcabouço para sua conduta moral e espiritual, podemos nitidamente notar o quanto ela pôde ser útil e extremamente eficaz. Contudo, temos nos deparado nos dias de hoje, com muito daquilo que podemos denominar como um “sofisma religioso”. Ou seja, alguns pseudos pregadores, o qual o texto bíblico chama de falsos profetas, que introduzem encobertamente heresias de perdição. Estes, utilizando-se de algumas verdades bíblicas descontextualizadas e um pouco de retórica, tem conseguido infiltrar no seio da igreja uma numerosidade desacerbada de mentiras e falsos ensinamentos que muito se afasta de uma proposta fielmente cristã. Devido a tal situação, o genuíno evangelho proposto por Jesus tem se distanciado de sua origem, perdendo a sua identidade por discursos falaciosos que só trazem proveitos aos seus líderes que cada vez tem se tornado mais ricos, – ou como alguns deles mesmos gostam de dizer: “prósperos”.
O que está em questão é a situação vergonhosa que se tornou hoje para qualquer indivíduo ser chamado de evangélico. Não por ser rejeitados pelo mudo por atributos como: loucos, fanáticos, ou até mesmo incoerentes com o sistema social – que por observação, isto seria para a sua glorificação, pois o próprio Jesus já dizia que tais coisas iriam acontecer para todos aqueles que o seguissem. Mas o que tem acontecido é que os evangélicos estão sendo conhecidos, não como os marginalizados pela sociedade, mas sim como: ladrões, usurpadores e mentirosos, que utiliza da boa-fé das pessoas para a satisfação própria.
Já se perde a conta de quantos modelos congregacionais e ramos teológicos têm surgido nestes últimos dias. Condutas teológicas como a teologia da prosperidade e a teologia da vitória têm sido um destes amalgamados de falsos ensinamentos que não obstante tem contraposto os primeiros ensinamentos apostólicos.
Ao confrontar os textos bíblicos com aquilo que se obtém através dos programas de rádio, de televisão ou de internet que se intitulam como gospel, os quais insistentemente são apresentados como uma tenda de resolução de problemas para qualquer que seja a sua situação, se observa o quanto estas “soluções” tem se distanciado do verdadeiro significado da fé cristã – abdicação.
Encontrar uma igreja que ainda se prega no seu púlpito a respeito da renúncia, do abandono aos prazeres da carne, do negar a si mesmo, do desagradar das coisas deste mundo e outras verdades como esta, tem sido como encontrar uma agulha no palheiro.
Pessoas tem se dirigido como multidões para igrejas que tem feito seus apelos da seguinte forma: “se você tem enfrentado problemas na sua casa. Se você não sabe mais o que fazer com os seus filhos, eles estão rebeldes, eles não lhe respeitam mais. Se a sua esposa ou o seu marido não fala mais com você. Se você não sabe o que fazer para sustentar a sua casa, o seu trabalho não está prosperando. Se você está desesperado e não sabe mais o que fazer para resolver a sua vida. Venha aqui na frente e aceite Jesus que ele vai trazer solução para a sua vida”! Apelos como este têm enchido as igrejas de hoje. Por outro lado, quantas vezes você já escutou um apelo dizendo que você é um pecador e somente através do sangue de cristo temos perdão para os nossos pecados. Ou, que a bíblia diz que aquele que quer vir após Cristo e alcançar a salvação da sua alma, deve negar a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-lo. Ou apelos que propõe uma morte para as coisas deste mundo, se esquecendo das coisas que para trás ficam, prosseguindo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus e a salvação da alma.
Tem se vendido a mensagem de boas novas a preço de dízimo. O evangelho de Cristo tem se tornado uma relação de barganha, em que vendemos a nossa alma a Deus e entregamos o nosso dízimo a igreja, e em compensação, ele resolve os nossos problemas e nos tira da situação de empregados para patrão. A igreja tem se tornado um clube social onde estabelecemos uma relação de interesses. “Eu dou a Deus o que ele quer e em compensação ele me oferece o que eu quero”.
Até quando se permitirá este tipo de mensagem na igreja que deveria ser a igreja de Cristo? Até quando seremos passivos a este tipo de evangelho fajuto? A mensagem do evangelho é para indivíduos intrépidos, pois os covardes simplesmente vão para as igrejas receberem concernentes aos seus investimentos da relação de permuta, porém, os destemidos não se detêm as paredes de uma construção, e entendem que é melhor dar do que receber. E que Jesus os chamou para serem ministros do evangelho de Deus, para que desta feita possa ser agradável à oferta e santificada pelo Espírito Santo, de sorte que tenham glória em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus e não a este mundo, e isto só acontecerá quando perdemos a nossa visão raquítica do evangelho que muitas vezes tem nos alimentado, e avançarmos em busca do que esta além deste sofisma religioso.
Pois, antes como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo, quer que seja, na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos sofrimentos, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no conhecimento, na generosidade, na afeição, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo.
Que esta seja a mensagem do evangelho que guardemos em nosso coração. Amém!